Vazio. Seco. Nada. Do chão ressequido suas
mãos arrancam apenas raízes mortas. Ser tão seco. Vida irascível, desgramada,
desarrazoada. O sol encenoura as paredes de barro da casa. Dentro, os pratos,
dispostos no chão de terra, estão vazios. Ser tão vazios. Vida sofrida, sem
sentido. Mulher e filhos no canto da casa, de olhares sofridos, amuados pela
fome. Ser tão nada. Vida sem rumo, famélica. Ele, o sertanejo, com um olhar
insofrido, escondendo a dor da família, busca, não sabe o quê, o que se pode
ver no céu. Deserto de si, o apego a fé não lhe divisa a amplidão da seca.
Desespera. Clama. Esgoela. “Por que Deus? Deus o porquê dessa vida pobre...
Onde estão os teus olhos para os humildes?”
O céu escurece. As lágrimas de Deus tornam. É a dor divina pelo seu povo eleito. Chove.
Enquanto isso, desdém, descaso, no riso do
homem para os que sofrem.