TODAS AS IMAGENS DE ARQUIVO PESSOAL

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Famelga


    Vazio. Seco. Nada. Do chão ressequido suas mãos arrancam apenas raízes mortas. Ser tão seco. Vida irascível, desgramada, desarrazoada. O sol encenoura as paredes de barro da casa. Dentro, os pratos, dispostos no chão de terra, estão vazios. Ser tão vazios. Vida sofrida, sem sentido. Mulher e filhos no canto da casa, de olhares sofridos, amuados pela fome. Ser tão nada. Vida sem rumo, famélica. Ele, o sertanejo, com um olhar insofrido, escondendo a dor da família, busca, não sabe o quê, o que se pode ver no céu. Deserto de si, o apego a fé não lhe divisa a amplidão da seca. Desespera. Clama. Esgoela. “Por que Deus? Deus o porquê dessa vida pobre... Onde estão os teus olhos para os humildes?”
     O céu escurece. As lágrimas de Deus tornam. É a dor divina pelo seu povo eleito. Chove.
     Enquanto isso, desdém, descaso, no riso do homem para os que sofrem.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

do que vejo céu



se houve o céu
mais bonito
quando o Cristo
deixou-se vir
o céu se ouve
e ouve a mim
quando eu sei
quando acredito
o céu que eu vi

do que vejo céu
do que é luz, em si
o céu, louve
e fique em mim
pra que eu seja seu
no que acredito
-o céu que existe
e está escrito
tem Seu lugar
no que resisto
no que nasceu

a estrela no céu
tem a luz do Cristo


Autores: Eder Ribeiro e Célia de Lima